Ecossistemas de inovação estão distribuídos por todas as regiões

Ecossistemas de apoio a ciência, tecnologia e empreendedorismo estão pulverizados em todas as regiões do Paraná, o que estimula seu crescimento e potencializa benefícios. Em outubro, o Sistema Estadual de Parques Tecnológicos (Separtec) divulgou uma lista de 188 ambientes de inovação credenciados em 42 cidades que agora estão aptos a receber recursos financeiros e incentivos fiscais, desde que tenham projetos consistentes. Curitiba reúne o maior número deles (29), seguida por Londrina, (20), Maringá (16), Guarapuava (11) e Campo Mourão (9).

“A inovação é um importante instrumento de desenvolvimento territorial”, diz o secretário executivo do Separtec, José Maurino Oliveira Martins. “Nosso objetivo é fazer com que ela chegue ao mercado e mude a vida das pessoas”. Ele destaca que o entrosamento entre os atores sociais é fundamental para o sucesso desses ambientes. O edital do governo do Estado considerou dois requisitos mínimos para caracterizá-los: governança e sinergia entre participantes.

O Paraná classifica os ambientes de inovação em dez categorias: aceleradoras; agências de inovação; centros de inovação; espaços maker (que oferecem ferramentas para criação de protótipos); hubs de inovação; incubadoras; pré-incubadoras; e parques tecnológicos em operação, implantação e planejamento. Quase 40% deles estão vinculados a instituições públicas de ensino superior (sete estaduais e quatro federais), e há colaboração com faculdades privadas, fundações e outras organizações.

Curitiba, com 7,5 mil empresas de tecnologia e 604 startups mapeadas, foi eleita no dia 8 a cidade mais inteligente do mundo de 2023 no World Smart Cities Awards, em Barcelona, Espanha. O prêmio reconhece iniciativas do Vale do Pinhão, que articula o ecossistema de inovação nos 29 municípios da região metropolitana. Suas ações incluem incentivos fiscais e de infraestrutura ao empreendedorismo, inclusão digital, energia renovável e eletromobilidade no transporte público.

“Nosso ecossistema está em ebulição”, resume o presidente da Agência Curitiba de Inovação, Dario Paixão. “Este ano tivemos o lançamento do Parque Tecnológico da Indústria, junto com o Habitat Senai, do parque da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e do Centro de Realidade Estendida da PUC-PR”. Outras iniciativas recentes são a Escola de Inovação, de qualificação profissional, e a inclusão da capital paranaense na série de publicações Inovatte, liderada pela Global Village (EUA), que destaca as cidades mais inovadoras do mundo.

Com 13 campi pelo Estado, a UTFPR dá uma contribuição relevante à capilarização da inovação. Seu pró-reitor de relações empresariais e comunitárias, Silvestre Labiak Júnior, ressalta a importância da visão holística de governança. “Trabalhamos com o conceito de seis hélices, que envolve a cooperação entre governo, atores do conhecimento, habitats de inovação, empresas, atores institucionais e atores de fomento”. A UTFPR oferece quase 70 cursos de pós-graduação que “irrigam” as empresas com profissionais qualificados.

Maringá (425 km da capital) e Londrina (385 km), ambas no norte do Estado, estão deixando de lado a rivalidade para construir uma aliança estratégica em prol de inovação. “Enxergamos uma oportunidade de estimular sinergia, sem mudar a dinâmica de cada cidade”, diz a consultora de negócios Letícia Albuquerque, do Sebrae, organização que desenvolveu a metodologia. A prioridade é estruturar a governança e executar 28 projetos em tecnologia, agricultura, comércio, saúde, turismo, construção civil e metalmecânico. “A ideia é fortalecer os dois ecossistemas, mantendo as particularidades de cada um”, diz o gestor executivo do Centro de Inovação de Maringá, Jefferson Luiz Ramos da Silva.

A aceleradora Evoa, de Maringá, já fez dez ciclos de apoio a startups em estágio inicial desde 2017, originárias de 27 cidades em 11 Estados. A taxa de sobrevivência delas é de 79%, contra média de 50% nos primeiros quatro anos. Das 96 que passaram pelas mentorias, 18 foram investidas, conta o gerente executivo, Matheus Lisboa Cesco.

Londrina, referência nacional no agronegócio, tem um ecossistema de inovação na área: o Agrovalley. Seus atores incluem cooperativas, governo, indústria, startups e organizações de apoio tecnológico. Um dos parceiros é o hub de inovação Cocriagro. “Temos hoje 57 startups de agro plugadas, das quais 39 de outras regiões, inclusive do Vale do Silício (EUA)”, afirma a cofundadora Tatiana Fiúza. Outra iniciativa na cidade é o SRP Valley, lançado em 2021 pela Sociedade Rural do Paraná para conectar empresas, startups, investidores e mentores em programas colaborativos. Uma parceria com o fundo Rumo Venture Capital pretende investir R$ 35 milhões para atrair e reter empresas no município.

Em Toledo (540 km de Curitiba), no oeste, o Biopark atua desde 2016 como ambiente privado de fomento a educação, pesquisa e negócios. Sua existência é um legado do casal Carmen e Luiz Donaduzzi, que há 40 anos fundou o grupo Prati-Donaduzzi, líder em medicamentos genéricos do Brasil. Uma área de 5,5 milhões de m² abriga o parque tecnológico e uma universidade privada sem fins lucrativos (Biopark Educação). “Um dos grandes diferenciais do Biopark é que acompanhamos os empreendedores desde a concepção de ideias inovadoras até o crescimento sustentável de suas empresas”, diz o presidente, Victor Donaduzzi. Os programas envolvem 185 empresas, sendo 55 startups.

O Parque Tecnológico Itaipu Brasil (PTI-BR) foi criado há 20 anos em Foz do Iguaçu (635 km da capital) pela Itaipu Binacional para promover inovação e desenvolvimento regional. “Nossa proposta é criar tecnologias abertas com escalabilidade industrial para que as empresas se apropriem delas”, diz o diretor-superintendente Irineu Colombo. Três instituições de ensino superior - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Universidade Federal da Integração Latino-Americana e Universidade Aberta do Brasil - fazem parte do ecossistema e cooperam com os 11 centros de competência do parque.

As pesquisas desenvolvidas pelo PTI-BR incluem desenvolvimento de baterias fotovoltaicas de sódio e produção de hidrogênio em pó, método para armazenar e transportar o produto agregado a micropartículas de metal. Em 2024, o PTI-BR vai fechar acordo com sua instituição-irmã no Paraguai (PTI-PY) que prevê a ampliação de 3 para 100 gigabits por segundo na velocidade de transferência de dados via internet entre os dois países. A inovação na região vai viabilizar aplicações especializadas que demandam baixa latência (tempo de resposta), como a telemedicina e a automação industrial.

Fonte: Valor Econômico

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