O dia 28 de julho, oficialmente instituído como o Dia do Produtor Rural, é uma oportunidade não apenas de celebração, mas de reflexão sobre o papel estratégico que o campo ocupa no desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil. Trata-se de um segmento que historicamente sustenta a economia nacional, garante a segurança alimentar da população e projeta o país no cenário internacional como potência agroexportadora.
O setor agropecuário também se destaca como um dos maiores empregadores do país. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE), a agropecuária emprega diretamente cerca de 8,8 milhões de pessoas no Brasil. Quando consideramos toda a cadeia do agronegócio, que inclui desde a produção no campo até o transporte, processamento industrial, comercialização e exportação, esse número ultrapassa os 20 milhões de postos de trabalho, representando quase 20% da força de trabalho nacional.
Entretanto, reduzir o papel do produtor rural aos indicadores econômicos seria ignorar a complexidade e a relevância desse agente. O produtor moderno atua como gestor, investidor, ambientalista e agente de inovação. Ele conduz a propriedade como uma empresa rural, enfrenta riscos climáticos, oscilações de mercado e desafios logísticos, ao mesmo tempo em que incorpora tecnologias como agricultura de precisão, inteligência artificial, biotecnologia e automação.
Além disso, cabe destacar que mais de 33% do território das propriedades rurais brasileiras são dedicadas à preservação ambiental, conforme dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Essa contribuição ambiental, muitas vezes invisibilizada no debate público, evidencia que produzir e conservar não são tarefas excludentes, mas complementares. A legislação brasileira, a mais rigorosa do mundo em termos ambientais para o setor agropecuário, exige e, ao mesmo tempo, limita a atuação do produtor rural, que segue cumprindo seu papel.
Ser produtor rural é mais do que uma atividade econômica, é uma forma de vida que atravessa gerações. O orgulho de produzir, de cultivar a terra e de alimentar a nação leva milhares de famílias a permanecerem no campo, transmitindo valores, saberes e responsabilidades de pais para filhos. Esse compromisso com a terra e com a continuidade faz da sucessão familiar um dos pilares mais sólidos do meio rural brasileiro. Em vez de buscar outros caminhos, muitos jovens escolhem seguir os passos dos pais, assumindo com entusiasmo a gestão das propriedades e incorporando novas tecnologias, sem perder de vista a tradição. Essa união entre passado e futuro é um dos maiores símbolos da resiliência e da força do produtor rural no Brasil.
No Dia do Produtor Rural, é fundamental lembrar que não há país desenvolvido sem um campo forte. Os desafios que se impõem à produção de alimentos, mudanças climáticas, regulação internacional, exigências de mercado, escassez hídrica, conectividade rural, só serão enfrentados com políticas públicas sólidas, investimentos em ciência e tecnologia, e com o devido reconhecimento de quem, diariamente, sem interrupção, garante a base de tudo: alimento, energia, matéria-prima e equilíbrio ambiental. Mais do que parabenizar, é preciso respeitar, apoiar e proteger o produtor rural. Porque é ele quem planta o Brasil que todos queremos colher.